14.3.08

Opinião no Opinião [nº 01] :: Dos espertos, claro

É com um prazer que não cabe no coração que inauguro esta seção do blog, que será um espaço aberto para o texto de outras pessoas. Serão amigos que certamente entendem mais que eu de futebol e farão meus textos passarem vergonha, mas tudo bem.

Hoje quem escreve é
Emanuel Colombari, o Mané, do excelente blog La Cucaracha e estagiário do site Gazeta Esportiva.net. O assunto do post é pertinente, a opinião é sensacional e o texto... deixo para vocês conferirem com o mesmo prazer que tive...


De uns tempos pra cá, quem acompanha o futebol tem se acostumado com uma palavra: atravessar. Um simples verbo transitivo direto, que vem sendo utilizado ad nauseum no noticiário esportivo – talvez até mais do que expressões que a gente preferisse escutar com mais freqüência, como “campeão” e “golaço”.

Virou moda. Time tal negocia com tal jogador, mas aí vem um rival, atravessa a conversa e leva, mesmo sem precisar de reforços em determinada posição. A moda agora é deixar o rival sem contratações, ainda que o atleta não seja de interesse do clube que o contrata. O importante, claro, é desfalcar o outro.

O São Paulo, particularmente, tem se destacado também nisso. Richarlyson negociava com o Palmeiras, mas recebeu uma oferta e foi para o Morumbi. Lenílson já era nome certo no Santos, mas foi seduzido pelo Tricolor. Miranda havia colocado um pé no Inter, mas o São Paulo descobriu de última hora que se tratava de um excelente zagueiro e assinou.

O caso mais recente é o do lateral-direito Jancarlos (foto), que estava quase acertado com o Corinthians. O Santos bem que tentou atravessar, mas não conseguiu. Na sexta-feira, o São Paulo ‘descobriu’ que o jogador era bom e, opa!, fechou com o rapaz. Mesmo tendo Joilson, Reasco e Éder para a posição – os três, coincidentemente, foram contratados de maneira mais ‘lícita’ e não conseguiram suprir a falta de Cicinho na posição

É óbvio que o clube da Praça Cícero Pompeu de Toledo não é o único vilão da história. Quando voltou para o Brasil, por exemplo, Zé Roberto passou semanas se tratando no Reffis para, na porta do acerto, fechar com o Santos. Viola estava com as mãos no contrato com a Ponte Preta quando o Guarani descobriu que precisava ter uma conversinha com o atacante. E por aí vai.

Que fique claro: não há mocinhos e bandidos na história. Simplesmente, há um ninho de cobras. O que se quer hoje não é reforçar seu time, é impedir que o rival o faça. O importante é atravessar, pura e simplesmente.

Há quem vá e argumente que “o mundo é dos espertos”, que bonzinho não tem lugar. Pessoalmente, acho que um clube “esperto” mesmo pode ser bom sem complicar o sucesso alheio. Bom mesmo é ter um time que seja bom o suficiente para superar o rival. Coisa que o São Paulo de 92 faria, e o que o São Paulo de 2007 poderia não fazer.

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A prática, porém, não está restrita ao mundo do futebol. Talvez vocês não se lembrem, mas a Rede Globo fez algo semelhante depois que Marluce Dias da Silva assumiu a direção-geral da emissora. Em pouco tempo, o canal trouxe Luciano Huck (Bandeirantes), Serginho Groisman (SBT), Ana Maria Braga (Record) e Cazé Pessanha (MTV), ainda que sem projeto algum para todos.

Hoje, Huck apresenta um programa mediano no sábado, Serginho está relegado às madrugadas semanais (bem diferente de quando tinha seu respeitado antigo programa diário, o Programa Livre), Ana Maria Braga luta contra as baixas audiências e Cazé já retornou à MTV, depois do fracasso de seu “Sociedade Anônima”. Marluce deixou a Globo em 2002 para cuidar da saúde.

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