16.4.08

O Baixinho maior que todos

O que uma criança de 6 anos de idade sabe sobre futebol?

Nada, muitos irão dizer.

Mas foi pouco antes de completar esta idade que eu aprendi uma das coisas mais valiosas sobre o esporte: descobri o que era ser um gênio dentro da grande área.

Em 1994 meus principais ídolos eram personagens de desenho animado, de programas televisivos ou de gibis.

Mas então alguém do "mundo real" roubou a cena.

Era ano de Copa do Mundo e desde o golaço contra a Russia até o pênalti contra Pagliuca, Romário encantou uma nação e conquistou pelo menos um fã: eu.

Foi fácil deixar aquela admiração se tornar motivação e inspiração para respirar futebol futuramente.

Mas não era fácil entender como alguém podia fazer tudo aquilo com os pés.

A finalização sempre foi diferenciada, dotada de uma frieza assustadora.

A visão de jogo sempre foi mais completa do que a de qualquer atacante do seu tempo.

As arrancadas dos bons tempos, o posicionamento preciso, os passes ágeis e objetivos...

Romário sempre foi e sempre será único.

O Baixinho podia não ter feito mais nada depois daquela Copa do Mundo, mas ele fez.

Colocou a bola na rede de todas as formas.

Com voleio pela seleção.

De bicicleta pelo Flu.

Por cobertura pelo Barça.

Sem ângulo pelo Fla, depois de entortar Amaral.

Ou depois de entortar zagueiro argentino com a camisa do Vasco .

Ou como fosse preciso, não importava a dificuldade.

Imagens brilhantes do Baixinho nunca faltarão e um pouco de tudo ficará marcado na cabeça deste blogueiro, que não viu NINGUÉM jogar melhor que ele.

Mas é claro que não existiram só coisas certas, muito pelo contrário.

Romário arrumou confusões inúteis, jogou em times que viraram piadas, demorou para se aposentar e deixou até aquela impressão de que, se levasse tudo mais a sério, poderia ter conquistado mais títulos.

Mas como ele próprio disse, se fizesse assim, não seria tão feliz.

E da forma que foi, sempre de bem com as redes, Romário pode ter a certeza de que também deixou o futebol assim, sempre mais feliz.


Mais do que provar o quanto era bom, perto dos meus 6 anos Romário me ensinou a respirar futebol.

Agora ele enfim anunciou a aposentadoria dos gramados e me deixou estático em frente à TV por uns 10 minutos ou mais.

Ouví-lo dar esta notícia, mesmo tão esperada, ainda me fez ter recordações incontáveis.

Obrigado por tudo, "peixe"!

E tenha certeza que "tudo" não é pouca coisa!

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito, Allan. Também confesso que ainda não vi nenhum outro jogar como o Baixinho. O melhor da nossa época, praticamente unanimidade.

Você lembrou bem os golaços que ele fez. Mas o que mais me marcou, como bom vascaíno, foi talvez um dos mais fáceis que o Baixinho já marcou. O último gol da final da Mercosul 2000 contra o Palmeiras, naquela vitória lendária. Ê, saudade...