A dança já começou

Nem bem terminou o Brasileirão 2007, nem bem saímos da ressaca de tantos acontecimentos marcantes deste campeonato, nem bem refletimos sobre tudo que foi provado ou não durante a competição e a dança das cadeiras entre os técnicos já começou com fortes novidades. Em Minas, duas novidades. Ao meu ver, um é bom negócio; o outro é inexplicável.

Leão fora do Atlético/MG

Fez um excelente trabalho, é verdade. 10 rodadas sem perder é luxo pra poucos, ainda mais na reta final.

Mas Leão tem prazo de validade como treinador. E ele próprio deve ter percebido isso ao recusar a proposta do Galo.

Em 2005 colocou o Palmeiras na Libertadores, assumindo no meio do campeonato. Ficou pra 2006 e foi um fracasso, acumulando aquela goleada histórica contra o Figueirense por 6x1.

No fim de 2006 foi pro Corinthians, tirou o time do rebaixamento com louvor e ficou pra 2007. Nem é preciso dizer que, mais uma vez, foi um fracasso.

Agora, em 2007, eliminou os riscos do Atlético e poderia ficar, teria moral com os torcedores e respeito da diretoria. Mas poderia se queimar de vez.

Leão tem prazo de validade e parece ter acordado pra isso. Um bom negócio!

Dorival fora do Cruzeiro

Poderia entrar para a seção “Alguém me explica”. O trabalho de Dorival foi espetacular, montou um time novo das cinzas, revelou bons jovens talentos, como Ramires e Guilherme e, mesmo no sufoco, garantiu a vaga da Libertadores. Seria óbvio mantê-lo no cargo.

Mas a diretoria o demitiu e agora só espero que venha um nome incontestável para justificar essa escolha. Caso contrário, o 1º semestre do Cruzeiro corre o risco de ser tão trágico quanto o do ano passado.

E em São Paulo, a maior bomba: Mano Menezes no Corinthians

Vamos esquecer a estranheza financeira nesta contratação. Pagar 360 mil a um treinador, jogando na segunda divisão e com uma dívida estimada em quase 95 milhões parece um absurdo, uma loucura de diretores.

Fora isso, a escolha é excelente para o clube. Com certeza. Só não tenho a mesmo certeza em relação ao próprio Mano.

A sua intenção é clara: ele quer fazer um trabalho semelhante ao que desempenhou no Grêmio. Vai pegar um time com grandes chances de subir já no ano que vem. Certamente fará um bom trabalho e já será ídolo da torcida. Dessa forma, terá moral pra reestruturar o clube em 2009, trabalhando da maneira que gosta, com liberdade. E assim, independente dos resultados de 2009, terá ganho mais espaço entre os técnicos em um novo centro, o maior de todos, a região Sudeste.

Seria um risco grande ir, por exemplo, para o Cruzeiro, como se especulava. O desafio e a cobrança é grande demais. Ele poderia se queimar, ainda mais com o desmanche que assombra a Toca da Raposa para 2008.

Mas é claro: todo esta planejamento com o Corinthians pode ir para o ar com uma campanha pífia no Paulista e no início da Segundona. Caberá à diretoria mostrar que é diferenciada, como sempre dizem, e bancar um técnico que terá que se adaptar, mas tem tudo em mãos pra ser o “grande Mano da Fiel”.
Ironia do futebol: Mano fez o seu ex-time colaborar com o rebaixamento do seu atual time na última rodada